agosto 23, 2008

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Márcio Cunha sentiu os olhos húmidos, tentou disfarçar mas não consegui, porque a voz embargou-se-lhe, ao tentar responder ao Marques que lhe dizia:
– Acho que está encontrada a grande vencedora desta noite.
— Calma! Calma! Ainda não se sabe. – Pedia o Marcelo.


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O Mendes e o filho, encontraram-se com a Lara no corredor, depois das desculpas pelo atraso, de que Lara já era conhecedora, foram com o miúdo ao bar. O marido segredou-lhe:
— Estás muito bonita!... Temos que comemorar mais logo... Não me vais dizer que te dói a cabeça!
— Logo se vê, conforme a disposição. Devido à greve dos correios esta semana, hoje houve correspondência ao sábado, chegou uma carta registada de Bragança, duma firma qualquer de componentes para automóveis.
— Não me digas! Valha-nos ao menos isso! Uma coisa boa neste dia aziago. O Porto empatou, o comboio atrasou-se, não te ouvi cantar, já chegava...
— Mas que carta é essa, para ficares assim tão contente?
— Logo eu conto-te, se a resposta for positiva, tem a ver com uma melhoria de vida para nós.
Mendes deu-lhe um beijo na face e Matias com ternura, olhou-os a sorrir e abraçam-lhes as pernas.
Marcelo aproveitando o intervalo, aproximou-se do balcão e pediu um café.
— Então o Porto empatou! Como é?
— É verdade Marcelo, mas jogaram muito bem, só que as bolas não quiseram entrar. Mas ainda estamos 4 pontos á frente!
— E tu Matias, gostaste de ir à Luz?
— O estádio do Dragão é mais bonito... E depois foi muita confusão.
— Ò tio e a minha mãe que tal se saiu a cantar?
— Muito bem! Está uma fadista a sério.
— E muito bonita, não acha?
— Claro Matias, a tua mãe é sempre bonita...


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No palco Isabel Borges começou por chamar um a um, mais sete convidados da noite, que cantaram:

Amélia Maria
Este meu amor secreto – de Manuel Carvalho
Longa Caminhada – de Ana madalena
António Passos
Sentir do fado – de Manuel Carvalho
Menino Órfão – de Carlos Bessa
Olga Duarte
Fado dor – de Manuel Carvalho
Lágrima – de Amália Rodrigues
Augusto Lopes
Sonho Perfeito – de Manuel Carvalho
O Riso – de Salazar Silva
Rosa Cruz
Morrer de saudades – de Manuel Carvalho
Fado primavera – de Pedro Homem de Melo
Manuel Russo
Anda comigo e o fado – de Manuel Carvalho
Sou vulgar – A. Fernando Alves
Margarida Lima
Meu Porto, meu Fado – de Manuel Carvalho
A Rainha do fado – de Alexandre Fontes

Era 01h30, quando a Isabel anunciou o 3º Intervalo desta noite já longa.



A Quarta parte




Esta quarta parte, era preenchida, aliás, como estava programado, com a actuação dos últimos dez convidados. A ideia, era haver tempo nos bastidores de consultar, somar as pontuações e decidir, sobre as classificações finais do concurso.
Samuel Cabral e Ângelo Jorge, fizeram a sua entrada no palco para o acompanhamento musical, seguidos do digníssimo apresentador Albérico Pereira, convidado especial para esta quarta parte, que foi chamando sucessivamente para cantarem:

Aida Arménia
Um Fado para vós – de Manuel Carvalho
Tempos antigos – de Neca Rafael
Manuel Barbosa
Não rezo há tanto tempo – de Manuel Carvalho
Um Fado feito ilusão – de A. Carvalho da Costa
Sandra Cristina
Sonhei um malmequer – de Manuel Carvalho
Porto sentido – de Carlos Tê
Filomeno Silva
Um Leve gosto a pecado – de Manuel Carvalho
Tripeiro de gema – de Augusto José
Rosina Andrade
Canção ao vento – de Manuel Carvalho
Parabéns Sr. País – de José Fernandes

Ninguém arredava pé apesar do adiantado da hora, além de continuarem a ouvir vozes maravilhosas do fado da nossa cidade, era grande a expectativa de saber os resultados do concurso.
A noite estava a chegar ao fim, Albérico Pereira continuou a apresentar os convidados que faltavam, chamando-os sucessivamente à presença do público para cantarem:


Joaquim Brandão
Vives no meu pensamento – de Manuel Carvalho
Bates tanto coração – de António Terra
Filomena Sousa
Maria do Douro – de Manuel Carvalho
Ronda do fado bairrista – de José Guimarães
Fernando João
Fadocanto – de Manuel Carvalho
Grito de Paz e Amor – de José Fernandes
Melanie
Louca loucura – de Manuel Carvalho
O Silêncio das palavras – de Nel Garcia
Augusto Fernandes
Sou aquilo que sou – de Manuel Carvalho
Tintim Amarelo – de Alice Barreto

Com a plateia do Coliseu ainda completamente cheia, Albérico Pereira anunciou o momento mais esperado da noite, a classificação do concurso, o que fez explodir na sala uma estrondosa ovação.

Pág.32 (continua)

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