agosto 08, 2008

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Passaram ainda por Lisboa, cantando durante grandes temporadas em casas de fado, nomes demais conhecidos no panorama do fado, como: Amândio Monteiro, Fernando Gasparino, Sara, Narciso Reis, João Correia, Artur Lobo e tantos outros, sem esquecer uma figura impar no fado e que tão prematuramente desapareceu do nosso seio, refiro-me ao grande César Morgado, que tantos fados nos deixou com sua voz inconfundível.

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Também grandes poetas do Porto e do norte do País, escreveram para fado letras maravilhosas e bastante conhecidas dos portugueses, cantadas por muitos fadistas de Lisboa, como:

João Linhares Barbosa que nasceu na linda Monção em 1905. Foi para Lisboa com 20 anos incentivado por Martinho d’Assunção (pai). Veio a falecer em Lisboa no ano de 1965. Em 1922 iniciou a publicação da Guitarra de Portugal que dirigiu até 1939. É autor de: É Tão Bom ser Pequenino; Lendas das Rosas; Cinco Pedras; As Sardinheiras, entre outras.

Pedro Homem de Mello, de nome completo Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, nasceu no Porto em 1905 e morreu em 1984. Formou-se em Direito e ocupou o lugar de subdelegado do procurador da Republica. Foi jornalista e estudioso do folclore português. Com o livro Segredo (1939), obteve o Prémio Antero de Quental. É autor de: Povo que Lavas no Rio; A Prece; O Rapaz da Camisola Verde, entre outras

Também Vasco de Lima Couto nasceu no Porto em 1923 e morreu em Lisboa em 1980. Estreou-se como actor de teatro em 1947 e em 1952 ingressou no Teatro Experimental do Porto, onde trabalhou como encenador com António Pedro. Residiu durante muito tempo em Ermesinde onde tem uma rua com o seu nome. Passou pelo Teatro Experimental de Lisboa onde interpretou diversas peças. Publicou: Arrebol (1943); Romance (1947); Recado Invisível (1950); Os Olhos e o Silêncio (1952); O Silêncio Quebrado (1959); Bom Dia Meu Amor… (1975).
É autor de: Disse-te Adeus e Morri; Que Povo é este, que Povo; Fado da Madrugada; Minha Mãe eu Canto a Noite, entre outros.

José Guimarães nasceu no Porto na freguesia de Cedofeita. Desde criança, que seu passatempo preferido foram os versos. Aos 16 anos foi trabalhar para V. N. Gaia e tirou o curso de Modelista de Calçado.
Tinha 19 anos, quando Maria Rosa Rodrigues cantou no Coliseu do Porto os seus primeiros versos, daí em diante nunca mais parou. Em 1971 foi gravada a sua milésima canção: “A Moda da Amora Negra”.
Todos os grandes artistas do país, emprestaram a voz às suas canções que já são cerca de duas mil, muitas delas vencedora em festivais.
Escreveu e ensaiou e levou à cena, centenas de Revistas e Operetas que foram êxitos em Lisboa e no Porto. Ainda organizou Espectáculos musicais e organizou Marchas populares de S. João.
Radicou-se em V. N. Gaia até aos dias de hoje e editou em 1997, “Pedaços de Mim”, onde nos dá o prazer de ler cerca de 250 letras de canções, muitas delas nossas conhecidas, como: Os Teus olhos verdes; Olá Lisboa; O Porto Canta; O Meu Zé; O Circo veio à Cidade e muitas, muitas mais.


Também na cidade do Porto, a 4 de Junho de 1939, nasceu António Torres que mais tarde, com o pseudónimo de Torre da Guia, viria a ser um dos poetas de fado mais eloquentes da nossa cidade.
Frequentou o Liceu D. Manuel II, O Grande Colégio Universal e terminou os estudos em 1957 no Colégio D. Nuno na Póvoa de Varzim.
Depois de tempos vividos nas noites boémias do Porto, partiu para Cabora -Bassa, em Moçambique, como secretário técnico da grande barragem. Viveu ainda e trabalhou em Nampula e na Ilha de Moçambique. Após a revolução de Abril, radica-se em França até 1979. Volta ao seu país, desta vez para Vila do Conde. Residindo no momento no Porto. Foi em 1963 que impulsionado por Nuno de Aguiar, é admitido na SPA, é então que vozes com Tony de Matos, Beatriz da Conceição, Fernando Maurício e Rodrigo, dão voz a temas como: Olhai a Noite; Pão de Gestos, Criança de todos nós; Fuga da Mariquinhas; História do Fado e muitos mais…


Outro nome de vulto na poesia, que muito tem escrito para fado, é Fernando Campos de Castro. Nasceu em V. N. Gaia em 1952.
Está representado em várias Antologias Poéticas, nomeadamente na “Gérmen”. Com Júlio Couto, participou na antologia “O Porto em Poesia”.
É autor de dezenas de fados e canções, gravadas em disco por vários artistas, como por exemplo: Se fosse Primavera; Porque serei eu assim; Tu foste a ilusão.
Dedica-se presentemente à criação de textos de teatro e de revista e muitos dos seus trabalhos encontram-se publicados. Organizou e participou em muitos Saraus de Poesia e em diversos programas de rádio. É sócio fundador da Associação de Escritores de V. N. de Gaia.
Ainda outros nomes da cidade e arredores, deram e continuam a dar ao fado, poemas que são êxitos em vozes conhecidas do povo, tanto de Lisboa como do Porto, falo de:

José Fernandes de Castro, autor de:
Bola de Neve
Esta Maldita Saudade
Nós dois e o amor

Manuel Carvalho, autor de:
Anos de Casados
Já não rezo há tanto Tempo
Fadocanto

António Terra, autor de:
Eu a guitarra e a vida
Bates tanto coração
Louco atinado

Nel Garcia, autor de:
Canção sem vida
O Silêncio das palavras
Não venham com tretas

Alice Barreto (infelizmente já falecida), autora de:
A Candeia da avozinha
Tintim Amarelinho
Casa do Pescador

E muitos, muitos mais como:

Ana Madalena, autora de:
Longa caminhada

António Carvalho da Costa, autor de:
Um Fado feito ilusão

Augusto José, autor de:
O Senhor Fado

Carlos Bessa, autor de:
O Menino órfão

Fernando Alves, autor de:
Amo duas cidades

Joaquim Brandão, autor de:
Porto do meu Coração

Joaquim Lopes, autor de:
Sou Fado de todos vós

Joyce Piedade, autor de:
Altos e baixos de dois amores

E muito outros que dão ao fado o seu talento.


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Também grandes guitarristas do norte foram parar a Lisboa. Lá o centro artístico é enorme com o turismo, depois para quem quer seguir uma carreira internacional é um ponto de partida preferencial.
Talvez por culpa nossa, nunca soubemos cativar verdadeiramente os nossos artistas, o Porto, mesmo no plano político está a perder muito da sua autonomia, não é por acaso que o poder económico que fazia desta cidade a capital do trabalho, está a dia-a-dia em declínio.
Como escreveu o arquitecto Gomes Fernandes, num artigo no JN, com o título “ Onde está o Porto”, a certa altura dizia: (“...O Porto está velho e cansado, cirurgicamente esvaziado de poderes, parece até resignado à triste sina que lhe caiu em sortes e ameaça corroer a alma. Mas o Porto nunca foi assim, de capitular a baixar os braços, doutro modo nunca teria chegado a Património da Humanidade, Capital Europeia da Cultura ou ser uma referência do Norte de Portugal e da Galiza...”).
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Pág.17 (continua)

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